Chegamos à última semana da 71ª Feira do Livro de Porto Alegre e olha, sinceramente, tem sido uma das edições mais intensas que já vivemos no evento. O Centro Histórico ficou agitado todos esses dias, gente correndo para escapar das pancadas de chuva, crianças de escolas visitando, prédios pegando fogo, vendedores recolhendo tudo às pressas quando o vento apertava e mesmo assim a praça permanecia cheia de leitores circulando, catando livros e gastando as economias do ano para a Feira.
Na nossa banca, o movimento foi tão grande que em vários momentos parecia que os livros estavam saindo sozinhos da prateleira. A nossa seleção de mangás virou um fenômeno. Muita gente veio direto porque viu nos stories que tínhamos volumes raros que não aparecem facilmente por aí. Alguns títulos simplesmente desapareceram em questão de horas. Reposição virou mais que rotina.
O mesmo aconteceu com a curadoria de livros de suspense e policial. Organizamos uma prateleira inteira para esse tema e por dois dias seguidos ela amanheceu vazia. Os leitores queriam tramas rápidas, estavam atrás de casos suspeitos e inteligentes cheios de reviravoltas. Parecia que esse clima instável de Porto Alegre deixava todo mundo ainda mais no espírito de investigação.
Outra surpresa deliciosa foi a seção de livros de viagem. Publicamos no instagram mostrando a seleção e, poucas horas depois, não sobrou nada. Uma leitora comentou que achou que poderia voltar mais tarde, mas subestimou a velocidade das escolhas alheias.
Também tivemos mais editoras parceiras conosco nesta última semana e isso trouxe uma energia nova para a banca. Os livros recém saídos da caixa fizeram sucesso imediato. Foi bonito ver leitores misturando um exemplar usado cheio de história com um lançamento fresquinho que ainda tinha cheiro de tinta.
E claro, tivemos uma venda que merece registro: uma coleção completa de Freud. Assistir alguém levando tudo, em bom estado, volume por volume, foi um momento que até nos fez respirar fundo. Há sempre um instante na feira em que um livro ou uma coleção parece marcar o dia e este foi o nosso.
Algo que realmente mudou nossa dinâmica este ano foi o engajamento no instagram. Muita gente chegou dizendo que viu a reposição por lá, que veio atrás de um mangá específico, que viu o story da prateleira de viagem ou que correu porque dissemos que a última leva de livros em inglês e teens fantasia tinha chegado. Foi uma das primeiras vezes em que sentimos um diálogo tão direto e imediato entre a feira e o público online.
Agora entramos nos últimos dois dias da feira. Acaba nesse domingo dia 16 de novembro. Se o que aconteceu até aqui serve de previsão, será mais um daqueles finais intensos. Não é um aviso para vir correndo, é só um fato. Os últimos dias da Feira do Livro sempre ganham vida própria. Além dos ventos, comemorações e despedida com rosas... Tudo acontece rápido.
A Traça segue até o fim, cansada e feliz, sobrevivendo ao vento, ao calor, ao centro caótico, ao ciclone, ao improviso da equipe e ao carinho dos leitores e amigos que dão sentido a tudo. Estamos fechando esta edição com a sensação de que fizemos da melhor forma possível.
Restam dois dias. E pelo jeito, serão dois dias daqueles que a gente lembra por muito tempo.


