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EXPOSIÇÕES da TRAÇA                                     

      


 

modernidade em revista

Paula ramos

 

A MADRUGADA DA MODERNIDADE

A  revista Madrugada, surgida em Porto Alegre no remoto ano de 1926, constitui um desses casos dos quais muito se fala e pouco se conhece, dada a ausência de coleções do magazine junto a acervos públicos do Rio Grande do Sul. Tal lacuna não é despropositada, uma vez que a publicação circulou apenas entre os meses de setembro e dezembro daquele ano, perfazendo cinco edições.

Embora de vida curtíssima, Madrugada transformou-se numa espécie de referência obrigatória aos que se dedicam aos estudos sobre modernidade no Estado. Isso se deve, sobretudo, ao fato de ela ter reunido entre seus diretores e colaboradores alguns dos nomes referenciais da cultura e da intelectualidade rio-grandense ao longo do século XX, como Augusto Meyer, Theodemiro Tostes, Ruy Cirne Lima, Sotéro Cósme e João Fahrion.

Quando lançaram o magazine, eles tinham cerca de 25 anos e vinham, em sua maioria, das camadas média e alta da sociedade. Com os sentidos voltados ao que acontecia nos grandes centros, buscaram atualizar a cultura da província, experimentando novos formatos. Pareciam movidos pelo ímpeto de fazer uma revista, de ter uma revista. Mas sem grandes pretensões. Queriam uma publicação desprovida de luxos, uma revista com “gosto de Rua da Praia e do Guaíba” – para usar a expressão de Theodemiro Tostes, reproduzida no texto de Cida Golin. E eis que surgiu Madrugada, mesclando – sem qualquer constrangimento e como o próprio subtítulo anunciava – literatura, artes visuais e mundanismo, muito mundanismo! No exercício da flânerie, perambularam pela cidade que se modernizava, pelos cafés, cinemas, livrarias e, é claro, pelas praças e ruas do centro, reestruturadas a partir das reformas urbanísticas empreendidas na urbe. Ao assumirem o papel de cronistas da nova paisagem urbana local, acabaram retratando a si mesmos como personagens privilegiados de uma cidade em mutação. 

Madrugada é fonte para pesquisadores e curiosos com distintos interesses. A cada nova página, fornece-nos um plural e curioso panorama acerca dos hábitos culturais, das novas sociabilidades, dos choques entre tradição e modernidade num momento nevrálgico para a sociedade rio-grandense, os anos 20. A própria revista incorpora esses paradoxos, no tratamento dado, por exemplo, à literatura, às artes visuais e aos comportamentos esperados das senhoritas da elite, público com o qual buscava uma interlocução explícita.

Neste distante 2006, Madrugada estaria completando 80 anos. Ao resgatá-la, procuramos lançar luz sobre uma publicação que, se não teve um estrondoso impacto em sua época, semeou iniciativas inegavelmente importantes no sistema cultural no Rio Grande do Sul. Talvez o exemplo mais notório seja a Página Literária do jornal Diário de Notícias, surgida em 1927, após o desaparecimento da revista, e que tinha à frente o mesmo grupo.

Penetrar no ambiente da Porto Alegre de 1926 e descortinar um pouco da mentalidade social e cultural da época é o que nos permitem esses cinco exemplares, agora apresentados em edição fac-símile. Junto a esse conjunto, o volume com textos analíticos proporciona uma apreensão contextualizada de temas pontuais, tais como a literatura, o tratamento gráfico, a logotipia e a publicidade em Madrugada.

Participam do projeto os seguintes autores, que assinam os respectivos artigos:

 

 

Porto Alegre dos anos 1920 – Urbanização, modernidade e novas formas de sociabilidade urbana

Charles Monteiro. Doutor em História Social pela PUCSP/Lyon 2 e Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS.

 

Madrugada: a modernidade em revista

Paula Ramos. Jornalista e Doutoranda em Artes Visuais, ênfase em História, Teoria e Crítica de Arte/UFRGS. É professora junto ao Centro Universitário Feevale e junto ao Centro Universitário Ritter dos Reis.

 

Em Porto Alegre, a Madrugada literária dos modernistas

Cida Golin. Jornalista e Doutora em Letras. Professora Adjunta da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS.

 

O Diretor Artístico

Joaquim da Fonseca. Artista Plástico, Designer Gráfico e Jornalista. Máster in Fine Arts pela Universidade de Syracuse, EUA. Professor junto ao Centro Universitário Ritter dos Reis.

 

As artes plásticas na revista Madrugada

Paulo Gomes. Artista Plástico e Curador independente. Doutor em Artes Visuais, ênfase em Poéticas Visuais/UFRGS. Professor junto ao Centro Universitário Ritter dos Reis.

 

Uma revista com logotipo

Norberto Bozzetti. Designer Gráfico, Professor junto ao Centro Universitário Ritter dos Reis.

 

Publicidade e Imprensa – A modernização na aliança entre produção cultural, técnica e mercado

Alice Dubina Trusz. Doutoranda em História pela UFRGS.

 

 

Imprescindível pontuar que nada do que se apresenta neste momento seria possível sem a preservação dos originais, há anos sob os cuidados de Ana Cosme Leyen, que muito gentilmente nos cedeu as revistas para reprodução. A ti, Ana, nossa gratidão.

 

Agradecemos também a Antônio Sanseverino, à frente da Editora UniRitter no momento da concepção deste projeto; ao Centro Universitário Ritter dos Reis, por ter acreditado nesta idéia, e à Lei Rouanet e à Companhia Petroquímica do Sul, por permitirem que ela se viabilizasse.

 

   

 

 

 

 



Paula Ramos é jornalista e doutoranda em Artes Visuais, ênfase em História, Teoria e Crítica de Arte/UFRGS.

É professora junto ao Curso de Design do Centro Universitário Ritter dos Reis e junto aos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Artes Visuais do Centro Universitário Feevale



         

         

          



   

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