Os Elefantes Não Esquecem
O detetive gordinho e bigodudo examinou todos novamente, a senhora Thornton, Woodsworth, o mordomo, a pequena Lilly, não perdendo um movimento sequer, mas não se definia, afinal, quem era o assassino de Lady Chateaubriand? Certo era que se encontrava ali naquele pátio, mas algo não se encaixava, o caso não se revelava.
Não deixaria que o criminoso saísse impune e acabou por se render às palavras de um velho indiano que conheceu na sua última visita ao "Oiseau d'or", seu restaurante predileto na velha Mumbai, onde, entre uma e outra garfada em sua pombada, bem servida, o indiano lhe dissera, meio que rindo :
- Os elefantes não esquecem.
Achava-se ridículo, um detetive renomado como ele, com seus ternos caros, uma magnólia na lapela, com sua vastíssima educação, recorrendo a um elefante, vestido apenas com uma coroa de flores coloridas, parecia debochá-lo. Perguntou ao
Elephas maximus:
- Pois bem Amendoim, caso você saiba quem foi o autor deste crime, aponte a sua tromba em direção ao culpado.
Amendoim passeou um pouco pelo pátio, estacionou na frente da pequena Lilly e bramiu, apontando a tromba, provocando rebuliço entre os presentes e uma raiva incoercível que tomou a pequena, lágrimas pulavam de seus olhos, a boca escancarada em convulsão, ela deu algum passos e gritou, apontando para Amendoim:
- Seu cagueta!