Nesse pastel minha obra chega a um limite e, hoje percebo, são os limites que me interessam.
É em direção dos limites que me movo. Intuí isso, e o nome que dei à obra é testemunho dessa revelação: Conteúdo I.
Está tudo ali: a forma, a cor, o ponto, a linha, o plano, o movimento, o ritmo, a luz e a sombra. A figura e abstração, o momento e o posterior movimento. Tudo contido neste pequeno papel de 50x50cm.
Talvez, por esta intuição, é que essa obra está, desde o fim da 3ª exposição, com lugar garantido sobre o espaldar da minha cama há mais de 20 anos. Eu o chamo, na intimidade, de meu “Boa Noite” e é a estes azuis que entrego meus olhos cansados no final do dia. São eles que velam meu sono. E meus sonhos, quando os tenho, são todos feitos desta matéria prima. Conteúdo congelado de um movimento iminente para dentro de mim mesmo. A maçã azul preste a rolar em silêncio com a suavidade e o conforto de nuvens que se reúnem para criar qualquer forma que, criança eterna, adivinho.
|