ATELIER

ODILON CAVALCANTI

Atelier Odilon Cavalcanti
OBRAS COMENTADAS - CONSTRUÇÕES

Clique para ampliar a imagem
   Construções
Paste sobre tela
100 cm X 100 cm
1985
Série Fragmentos

Cinco meses depois das duas exposições no Studio José Duarte de Aguiar, estava mudando com toda minha família para Belém do Pará. Eu tinha na época um estúdio de artes gráficas e comunicação, o "Odilon Cavalcanti - Criação e Arte", que atendia grandes agências de publicidade. Realizávamos “jobs” atrasados, emergências ou peças que “empacavam” nas agências. Era um pronto socorro e estas emergências davam muito movimento nos finais de semana. Atendi a demanda de um mês de free em Belém, da agência do maior grupo empresarial de lá na época, o grupo Belauto. Depois deste mês ficamos sendo assediados por Jair Bernardino, presidente do grupo, que acabou comprando o estúdio e nos levou, eu e Malouzinha, como sócios para a agência da empresa.

Estou contando isso porque é muito importante para mim discutir o exercício destas duas profissões paralelas e o que este exercício significou em minha vida e em minha carreira, tanto de artista gráfico como de artista plástico.

Entrei em propaganda para tirar o sustento e não a minha arte. A idéia era que meu trabalho de artista plástico pudesse se desenvolver longe das pressões de mercado, da pressão de agradar a alguém mais que a mim mesmo, para que assim eu pudesse sobreviver do meu trabalho de maneira que o trabalho sobreviva à mim e ao mercado. Isto me deu régua e compasso de um lado mas, o preconceito do mercado era muito forte.

Tinha receio, talvez, que a compreensão de mercado que o publicitário tem que ter se sobreponha à obra, exata e ironicamente o que me fez ser publicitário, só que pelo viés contrário. Assim, na contramão dos jogos de poder e grana, fui fazendo o meu trabalho se consolidar. Só que neste processo você acaba entrando num círculo neurótico de viver entre escolhas como trabalho x carreira; vida mundana x vida interior; mercado x atelier. Este é um processo que incomoda muita gente boa. Talvez, Picasso tenha sido o artista de sucesso que melhor soube cuidar disso, ao contrário de Miró que, no auge do sucesso, indignado com a valorização especulativa de alguns marchands sobre determinados segmentos de sua obra, tocou fogo ritualisticamente em várias delas, tendo, para sua surpresas, as valorizado ainda mais.

Há uma anedota sobre Picasso que é exatamente o outro lado da moeda: autorizado, finalmente, a entrar no atelier do artista, um padre, que a meses esperava esta oportunidade, presenciou o artista amassar e arremessar ao lixo um desenho que não o satisfez, e exclamou: “Mestre, posso pegar para mim?” Picasso, do auto de sua empáfia, de quem sabia valorizar cada obra e cada gesto, respondeu: “10.000 dólares!”



Página anterior

Galeria



BLOG



  Fale com o Odilon



Visite a Traça!



  
  Obras Recentes



  
  Obras Recentes



  
  Petit Format



  
  Manifesto Transconcreto



  
  Esculturas