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“Espelho/Fragmento III” é a imagem de capa do catálogo de minha terceira exposição, a primeira em Belém, na galeria Teodoro Braga/ Centur, ainda em 1984 (ano seguinte a nossa chegada na cidade). É um pastel sobre tela de 100x100cm. O diretor do Centur era então o poeta João Jesus Paes Loureiro e o texto do catálogo é de Marc Berkowitz.
Lembro que o artista mais polêmico de Belém na época foi o primeiro a visitar a exposição.
Exposição que amanheceu em notas e matérias em todos os jornais. Eu era diretor da agência de comunicação do grupo Belauto e a mídia estavam toda presente. Tudo com uma certa reserva reticente proveniente do fato de eu ser de fora e do trabalho não ser conhecido lá (em Belém eu era o paulista, como até hoje eu sou no Recife. Em São Paulo sou paulista, e só no Rio sou pernambucano... Mas isto são outras divagações...). Voltando à história, o grande Pepê Condurú invade a cena na tarde da vernissagem com o intuito de detonar a festa do burguês que se atrevia a tomar espaço no melhor reduto cultural do Pará. Ele que, soube anos mais tarde, detonaria a exposição retrospectiva do não menos briguento Iberê Camargo em São Paulo, comentando em alto e bom som para o próprio artista ouvir que aquilo ele fazia aos cinco anos de idade. Iberê só não deu um tiro nele porque já tinha gasto a munição. Bom, Pepê olhou, olhou... e saiu da galeria onde eu estava expondo em silêncio.
De noite todos os principais artistas de Belém foram chegando, chamados por Pepê que chegou quase no finalzinho para me contar esta história. Ficamos amigos, e não só dele mas de muitos outros artistas paraenses como Emanuel Nassar, Ronaldo Morais Rego, Geraldo Texeira, Sarubi e muitos queridos outros que me adotaram como paraense também, me chamando, inclusive, para muitas exposições só de artistas locais.
"Espelho/Fragmento III" foi adquirido pelo dono de um grande hotel cinco estrelas de Belém, conhecido colecionador local. Pepê, generoso, foi quem me apresentou a ele dias depois.
Salve Pepê.
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