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Obra da fase mais figurativa de toda minha carreira.
Talvez, algo que a umidade do Pará que tenha me trazido para dentro da pele. Algo que torna as formas do corpo mais presentes, como se as peles que contém os líquidos sentissem um pouco mais a pressão de dentro para fora e de fora para dentro.
Algo que só se sente no Pará. Uma umidade que transborda os poros. Quente como uma lâmpada.
Neste pastel sobre tela, luz mortiça, nua como convém às musas, seca. Nestes amarelos que se esvaem sobre os corpos. Não que não tenha sentido. Ao contrário: é pé COM cabeça. As direções é que são diferentes.
Como é quente... Como transpiro... Piro e rompo a cor do fundo, pesada de umidade roxa azulada. Pesada de humildade a cabeça se entrega à curva do calcanhar e cerra os olhos. Sonho: ainda é tudo possível. Ainda tenho tudo a fazer... Estou nu. Ainda tenho muito a sonhar. Meus sonhos, só meus sonhos me cobrem.
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