“Noites Paraenses” é um pastel sobre papel fabriano preto. Esta técnica tem algo de divino. É um Fiat Lux. Você tira luz das trevas.
Cada cor vibra num determinado comprimento de onda. Uma cor vibra com a adjacente e cria uma vibração de um comprimento de onda que só o olho humano pressente. É essa a lição que Benedicto Mello, então diretor do Museu da cidade de Belém (Mubel), deu no texto com que me honrou no catálogo.
Não sei se entendi tudo o que deveria entender, mas revendo os títulos das 16 obras que expus na quarta exposição individual - “Com Tucano”, “Sabor Açaí”, “Iluminado”, "Com Veladura", “Noturno” e outros cinco “Grandes Nus Paraenses”-, acho que sim.
Há também três títulos engraçados: “Projeto para Carrinho de Raspa-Raspa”, “Remo x Paissandu” e “Mulher careca assistindo comercial de xampu no Ver-o-Peso”.
Estes títulos são marcas literárias da assimilação da cultura paraense que eu estava por deixar. Marcas das noites paraenses que nomeiam outros seis trabalhos, diferenciados pelo registro “Opus x, Nº y “. De resto só mais dois títulos que falavam de despedida, o “Belém/Brasília” e o outro “Cadeira Vazia”.
Eu estava indo embora e colorindo com a cor invisível meu adeus: Adeus! Adeus, Belém do Pará.
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