ATELIER

ODILON CAVALCANTI

Atelier Odilon Cavalcanti
CRÍTICA - Marc Bercowitz

São grandes os perigos da técnica do pastel.
Talvez não tanto da técnica – porque esta se aprende e se domina – mas do virtuosismo que pode resultar deste domínio.
Este sim, pode levar o artista a abusar dos aveludados, do lado “bonito” do pastel.
O domínio da técnica, que é absolutamente necessário, prepara, ao mesmo tempo, armadilhas perigosas das quais odilon cavalcanti soube escapar.
Acredito que graças a seu poder de síntese, de compreensão do essencial.
Os trabalhos de odilon cavalcanti, aqui expostos, são provas não apenas de suas qualidades de artista, mas sobretudo, do seu destemor, de seu espírito independenete.
Sendo um artista jovem, viajado e informado, soube se manter livre das imposições da moda, dos rótulos impigidos.
Ele usa a figura como elemento formal, da mesma forma que usaria uma forma abstrata – sem jamais cair no ilustrativo.
São estas formas, baseadas ou não no ser humano, que dão força e até imponência a estes pastéis, nos quais odilon cavalcanti explora todas as possibilidades que o material oferece.
Não é fácil para um artista, neta época de comunicação rápida e do reinados da “media”, preservar a sua independência e sua personalidade.
Como também não é fácil resistir à tentação do sucesso relativamente rápido, satisfazendo simplesmente o desejo do público por aquilo que está “na moda”.
Mas, a longo prazo, são sempre os independentes que vencem e que ficam.
Entre os quais se encontram, disto estou certo, Odilon Cavalcanti, que compreendeu o valor do essencial.

Marc Bercowitz
Rio de Janeiro
1986



O pastel é um material perigoso, um material que seduz por sua falta de definição, um material que apela aos sentidos, ou melhor, um material que facilmente "apela".
Mas felizmente, "apelar" não faz o gênero de Odilon Cavalcanti.
Não somente ele usa o lado sensual do papel comedidamente, como também se interessa cada vez mais por outras técnicas, ou as técnicas mistas.
Tendo ganho - merecidamente - o prêmio de "Melhor Expositor do Ano" do IBEU, ele arca sozinho com a responsabilidade de expor sozinho num dos maiores e melhores espaços do Rio de Janeiro.
E é justamente por ter alcançado uma definição melhor em seu trabalho, por estar falando uma linguagem cada vez mais pessoal e mais independente, que Odilon Cavalcanti se desencumbe bem da tarefa e do desafio, nem sempre cômodo, de fazer parte do grupo, relativamente pequeno, dos realmente bons artistas brasileiros.

Marc Bercowitz

Rio de Janeiro
Setembro
1989




No tempo relativamente curto que conheço o trabalho de Odilon Cavalcanti, ,tenho presenciado algo que é uma das recompensas, e não são muitas, do crítico de arte: a evolução, para frente e para cima, de um autêntico talento.
Usando de preferência, uma técnica que tão facilmente se presta ao amável, ao "bonitinho" da arte, Odilon Cavalcanti soube evitar todas as armadilhas do fácil e do bonito, para produzir obras que, sem fugir da beleza, apresentam forte rigor formal.
Já o título da exposição o diz: "Construções".
Odilon Cavalcanti está ampliando sua técnica: muitos trabalhos dos aqui expostos são pastéis sobre tela, outros sobre papel - que é técnica costumeira - e há também uma aquarela.
Tenho a impressão, talvez errônea que Odilon Cavalcanti esteja a caminho do óleo, sem pressa, com a coerência que sempre marca a sua obra. Nesta exposição da Galeria do IBEU, Odilon Cavalcanti consegue unir rigor formal à sensualidade de seu material, sempre na medida certa, sem favorecer um dos lados.
No seu refúgio da Ilha de Itamaracá, longe das solicitações e poluições da grande cidade, Odilon Cavalcanti está trabalhando e crescendo. Para assumir - mais tempo, menos tempo - seu lugar na arte contemporânea brasileira.

Um lugar que será importante.



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