Em ti repousa todo o poder
Projeto para outdoor
Acrílica e paste s/ papel
16 cm X 48 cm
1994
Inimizade amiga
Projeto para outdoor
Acrílica e paste sobre papel
16 cm X 48 cm
1994
Aqui, eterno domínio
Projeto para outdoor
Acrílica e paste s/ papel
16 cm X 48 cm
1994
Em nada reside tudo
Projeto para outdoor
Acrílica e pastel sobre papel
16 cm X 48 cm
1994
Não tu, mas nada sem ti
Projeto para outdoor
Acrílica e pastel sobre papel
16 cm X 48 cm
1994
Bato e curo
Projeto para outdoor
Acrílica e pastel sobre papel
16 cm X 48 cm
1994
Enquanto o fogo durar
Projeto para outdoor
Acrílica e pastel sobre papel
16 cm X 48 cm
1994
A ruína exterior revela a luz interior
Projeto para outdoor
Acrílica e pastel sobre papel
16 cm X 48 cm
1994
Aceita minha fidelidade e dá-me a sua
Projeto para outdoor
Acrílica e pastel sobre papel
16 cm X 48 cm
1994
Concórdia nutre amor
Projeto para outdoor
Acrílica e paste s/ papel
16 cm X 48 cm
1994
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Era 1992. Eu acabava de voltar de uma temporada na Europa, onde participei de uma grande coletiva comemorativa dos 500 anos da descoberta das Américas e passei um tempo no atelier de
Michel Stefanini, em Marseille. Michel participava do grupo “Hòr's Lá”, cujo conteúdo conceitual era baseado na miscigenação cultural.
O fato é que, com o distanciamento que este tipo de viagem proporciona para um artista, eu aproveitei para fazer uma condensação do que queria ou não queria para a minha obra. Essa reflexão resultou no Manifesto Transconcreto, que editei num livro de artista, exemplar único.
Mais tarde foram feitas duas séries de pinturas em grandes formatos também intituladas de Manifesto Transconcreto. Grandes formatos mesmo. Outdoors. A idéia era expor as séries em outdoors na rua. E assim foi feito.
Nesta página estão as imagens dos layouts que produzi para orientar a pintura dos outdoors que foram expostos em São Paulo, na Avenida Sumaré. Pintei os outdoors em um galpão de uma empresa de publicidade no Rio. Os outdoors eram executados numerando e colando as folhas abertas (36 folhas) numa placa fixada dentro do galpão. As folhas já vinham com uma cor chapada de fundo. Eu então armava andaimes em frente da placa e subia pra pintar. Nesta série, acresci duas camadas de informação que não tinha na do Recife. Primeiro, o fato de que cada pintura era construída desconstruindo uma letra. Letras de uma frase de onze letras que era a própria essência do ato de manifetar: EU QUERO ISTO. Num outro nível de cognição, a frase é uma síntese do auto conhecimento, para mim ferramenta fundamental do processo criativo (não se faz arte sem auto-conhecimento), do ponto de vista psicanalítico. Assim:
EU = sujeito, a persona, a identidade;
QUERO = o desejo, o que nos move;
ISTO = ID (em alemão), o Inconsciente.
Outro nível de informação eram as frases que compunham a imagens. Eram frases na quase totalidade em Latim. Tinha uma em francês também. Estas frases eram tiradas do livro "As Mansões Filosofais" de Fulcanelli e eram parte do formulário alquímico do castelo de Dampierre na França. Tinha tido a idéia de incluir frases de dificil decodificação para que conseguisse manter o formato usual da mídia outdoor, como uma apropriação inversa de como a mídia usualmente faz com a arte, só que ao contrário.
Para isso, frases em uma língua extranha vinha a calhar.Ainda mais porque, para quem se desse à pachorra de decodificar, a pertinência era total e completa. Assim, a complexidade das conexões por camada de informação poderia ser uma possibilidade de transcodificação, objetivo do Projeto.
Foram três meses pintando os outdoors no Rio para veiculá-los em Sampa, por 15 dias. Muito esforço para pouco tempo de fruição.
Exercitei o despreendimento como um monge tibetano que passa meses desenhando suas mandalas de finísimas areias coloridas, para depois desconstruí-la com um só gesto. Mas estou longe de ser monge budista. Registrei tudo em slides. Como convém a um artista.
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