Tauromaquia (para um poema sonhado sobre uma gravura de Goya)Entre touros
e homens
Vou correndo
curvado sob o salto
de grandes animais
Um terremoto de patas
desloca meu eixo nessa
dança frenética de músculos
Não quero participar do embate
Minha razão não quer submeter
tal natureza para criar
dos chifres quebrados
e do sangue jorrado
tal arte espetacular
Se o homem é toureiro do touro,
quem é o toureiro do homem?
É uma realidade de ilusões
em que me movo como no
fundo do mar, tentando
desesperadamente fugir
de seus disparates
Carrego no lombo
a carcaça do touro
mortalmente ferido
de vida que eu mesmo sou
O homem agoniza ao lado,
estirado no chão, com o peito perfurado...
Ambos são vítimas da fatal
puntilla.E não será a própria razão que é submetida
na estocada final?

;)