

Émille Nelligan foi um poeta francófono do Quebec, no Canadá, nascido em Montréal, no ano de 1879. Sua poesia segue a vertente simbolista de poetas franceses como Verlaine e Baudelaire; e como Rimbaud, foi um talento precoce, publicando seus primeiros versos com 16 anos. Seu pai, vindo da Irlanda, casou com uma quebequense, e como em Quebec se fala francês enquanto no resto do Canadá a língua oficial é o inglês, a opção linguistica de Émille começa a amadurecer em tenra idade, apontando para a língua francesa como preferência para suas intenções artísticas.
Em 1899 o poeta sofreu um colapso mental que o impossibilitou de terminar sua obra poética, sendo internando com o diagnóstico de ezquizofrenia. O reconhecimento só veio anos depois de sua morte, e permanece restrito ao Canadá, com uma tradução completa para o inglês. A neve é um tema recorrente em sua poesia, assim como a melancolia, gelo, frio, inverno, jardins, janelas embaçadas, navios naufragados, noites densas e o branco puro de uma nevasca.
A sociedade conservadora da época, associada com uma rígida retórica religiosa deve ter tido um forte impacto no jovem de mentalidade romântica que só encontrou na intimidade das palavras uma liberdade fugidia como orvalho pela manhã.
Vale ressaltar que não há traduções para o português...ainda! Em breve, com minha dedicação e árduo esforço para aprender o francês (pois quero imigrar para Quebec) talvez tenhamos calorosas interpretações tropicais da neve e do sofrimento gelado das terras do norte. Eis aqui um poema do garoto e uma tradução para o espanhol.
Ah ! comme la neige a neigé !
Ma vitre est un jardin de givre.
Ah ! comme la neige a neigé !
Qu’est-ce que le spasme de vivre
À la douleur que j’ai, que j’ai.
Tous les étangs gisent gelés,
Mon âme est noire ! où-vis-je ? où vais-je ?
Tous ses espoirs gisent gelés :
Je suis la nouvelle Norvège
D’où les blonds ciels s’en sont allés.
Pleurez, oiseaux de février,
Au sinistre frisson des choses,
Pleurez, oiseaux de février,
Pleurez mes pleurs, pleurez mes roses,
Aux branches du genévrier.
Ah ! comme la neige a neigé !
Ma vitre est un jardin de givre.
Ah ! comme la neige a neigé !
Qu’est-ce que le spasme de vivre
À tout l’ennui que j’ai, que j’ai !…
***
NOCHE DE INVIERNO
¡Ay, cómo nevó la nieve!
Mi ventana es un jardín helado.
¡Ay, cómo nevó la nieve!
¡Qué es el espasmo de la vida, qué,
Al lado del dolor que tengo en mí, que tengo!
Los estanques todos gélidos yacen
Negra es mi alma. ¿Adónde voy? ¿En dónde vivo?
Sus esperanzas todas gélidas yacen.
La nueva Noruega soy
De la que huyeron los rubios cielos.
Llorad pájaros de febrero por el sombrío
Escalofrío que hay en las cosas.
Llorad pájaros de febrero,
Llorad mis rosas, llorad mis llantos,
Entre las altas ramas del cedro.
¡Ay, cómo nevó la nieve!
Mi ventana es un jardín helado.
¡Ay, cómo nevó la nieve!
¡Qué es el espasmo de la vida, qué,
Al lado del tormento que tengo en mí, que tengo!
Tradução de Miguel Ángel Frontán.
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