Sobre o dia de hoje:

A arte de perder

“A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério. ”

Elisabeth Bishop

As vendas pararam. Totalmente.

Lista nova no site! Não é muito grande, mas é substancial: Aldous Huxley!

Chegou ao site hoje um lote de publicações da Reader´s Digest, com compilações de livros resumidos (Seleções de Livros) e títulos temáticos.

Chegaram ao depósito hoje vários livros em ótimo estado, de bons autores de literatura brasileira e estrangeira, bem como alguns títulos sobre história, ciências sociais, livros de autoajuda y otras cositas más. Estou ansiosa para que essas maravilhas cheguem logo as minhas mãos. Como boa traça que sou, adoro o cheiro dos livros, tanto dos antigos quanto dos mais novinhos!

Passou pela catalogação agora um dos melhores livros que eu já li: Personas Sexuais, de Camille Paglia, aluna predileta de Harold Bloom. Camille despertou sentimentos fortes e virou estrela da intelectualidade iconoclasta na década de 1990, chocando os conservadores e ofendendo os liberais, com um ensaio irônico e fácil de ler, embora bastante erudito, sobre arte, civilização e sexo. A autora defente o poder criativo da masculinidade e critica fortemente o feminismo, resgatando a influência dos papéis sexuais e do sexo na literatura e na arte.
Hoje, muita coisa mudou, mas, na verdade, Camille Paglia tem razão em muita coisa, quando se fala das relações humanas e dos papéis assumidos por homens e mulheres e das questões de gênero, tão amplamente discutidas atualmente. Personas Sexuais é uma leitura fundamental para não sair falando bobagem por aí...

Chegaram hoje ao depósito da Traça alguns volumes das Obras de Shakespeare, da editora portuguesa Lello & Irmão. Além da editoração caprichosa, que é característica desses editores, alguns volumes são muito interessantes pelo título que receberam em terras lusitanas. A Megera Domada, por exemplo, virou Amansia De Uma Fúria; e Os Trabalhos De Amor Perdidos são As Canseiras De Amor Baldadas.
Se não fosse o nome do autor, muita gente jamais ligaria uma coisa à outra. Essa é mais uma prova das enormes diferenças que existem entre o português de cá e o de além-mar.

Ninguém vai acreditar, mas este é um dos livros mais interessantes que estudei: Feedback!  Não só a disciplina, hardcore da Engenharia que usa uma bela matemática, mas principalmente pelas idéias que levanta, essencialmente de como o resultado de uma ação passa a ser matéria prima para as próximas ações, conceito básico para se entender em profundidade quase tudo, de Economia a Relações Pessoais.

E continua o cadastro de Literatura...hoje minha mesa foi invadida por romances policiais, de suspense e ação...vários autores e todos em ótimo estado.

Não lembra do Queromeu?  Veja  aqui! Estas tirinhas poderiam ser publicadas hoje!  Já a Velhinha de Taubaté está aqui.  Os números não mentem, no momento temos mais de 300 livros do Luís Fernando Veríssimo em estoque.

Aqui na Traça temos uma relação pessoal com o LFV, que é o criador do personagem Traça. O respeito pelo pessoa, entretanto, não nos impede de lamentar os caminhos que o autor tomou e de constatar sua perda de prestígio entre os leitores, que hoje deixam seus livros mofando em nossas prateleiras.

Chegou hoje uma coleção completa dos livros do Luís FernandoVeríssimo, usados. Parece que alguém se desiludiu com o autor. Pois é, LFV me suscita alguma meditação sobre a confusão entre literatura e realidade, entre autor e personagens. Pois o Luís Fernando se transformou numa versão menos simpática da Velhinha de Taubaté, personagem engraçadíssimo do final do regima militar, a última pessoa a acreditar nas bazófias do General Figueiredo. Ao mesmo tempo, os heróis políticos do Veríssimo viraram todos clones do Queromeu, o Corrupião Corrupto, antigo personagem crítico aos usos da política brasileira. Convenientemente, estes personagens foram aposentados pelo LFV e, não por acaso, o autor caiu na irrelevância.

Hoje, novamente, passando pelo cadastro vários livros de Literatura, todos atuais e em bom estado. A vontade de pegar um deles e ficar lendo é muita...Por exemplo, Meu nome é vermelho de Orhan Pamuk, que eu ainda não tive oportunidade de ler...

Estão passando pela catalogação hoje vários livros que viraram ótimos filmes: A Casa Da Rússia, A Garota Do Tambor, O Talentoso Ripley...dentre outros. E tanto os livros quanto os filmes são ótimas alternativas para mergulhar numa boa história de supense, ação ou espionagem.
Eu, particularmente, adoro A Casa Da Rússia, de John Le Carré. Recomendo!

No livro A Cafeína E Sua Saúde, de Darcy Roberto Lima, há um trecho que conta que, em 1674, um grupo de mulheres protestou contra o consumo de café pelos homens. Incomodadas com o excessivo consumo e com o tempo que os homens perdiam nas cafetarias da época, elas publicaram um panfleto dizendo que a bebida os deixava infecundos e inúteis como os habitantes de onde esta planta inútil nasce e é cultivada. Além disso, segundo as inglesas, os homens jogavam fora o tempo disponível, mudavam suas lojas e despendiam seu dinheiro, tudo para beber um pouco desta água suja, nauseante, desagradávei, amarga e escura...

Bom, até hoje os ingleses preferem o chá...

Para começar bem a semana, fica aqui uma dica de leitura: Pantaleão E As Visitadoras, um dos melhores livros que eu já li, com uma prosa engraçada, bem construída, mas contundente e carregada de crítica social. Essa bela obra de Mario vargas Llosa virou filme, que, apesar de não ser uma grande produção, vale a pena ver, pois é bem divertido e bastante fiel ao livro. 

Mais alguns bons títulos de Gastronomia entrando no site hoje. Como estamos com uma promoção de Comer e Beber, já entraram com desconto. É covardia!

Mais um belo texto do Oliver Sacks, sobre a única questão relevante, na Sunday Review do NY Times.

E, por falar nas dificuldades para fazer uma boa redação, fica aqui uma frase, que serve de epígrafe ao livro Saindo Da Platéia, de Giselda Laporta Nicolelis, que passou agora pela catalogação:

A educação é o maior problema que se pode impor ao Homem. (Immanuel Kant)

Se houvesse maior preocupação em resolver esse problema, talvez não existissem as pérolas das redações... E nós riríamos do que realmente tem graça.

Passou pela catalogação agora o livro Redação - Manual de sobrevivência para concursos e vestibulares, que traz, já nas primeiras páginas, uma lista de verdadeiras pérolas que alguns candidatos escrevem nas redações, como estas:

O Chile é um país alto e magro.
Lenda é toda narração em prosa de um tema confuso.
A principal função da raiz é se enterrar.
O Hino Nacional Francês se chama La Mayonése.
A capital de Portugal é Luiz Boa.

Parece brincadeira, não é? Mas as frases acima são, segundo o autor, resultado de um acúmulo de informação e da carência de organização do conhecimento (que se consegue fazendo listas, por exemplo!).

A gente lê e ri... para não chorar...