

Estão aqui no setor de cadastro algumas
revistas que vieram de renomados cabarés do mundo,
nesse caso, de duas casas de shows: o Cabaret Lido e o famosíssimo
Moulin Rouge, ambos em Paris, na França.
O Moulin Rouge, creio ser de
conhecimento geral, foi a casa de teatro de revista de maior
reconhecimento pelo mundo. Fundado em 1889 por Joseph Oller e Charles
Zidler, a casa procurava ser um estabelecimento de entretenimento
para o público mais diversificado possível, instalado aos pés de
Montmatre em uma Paris ainda predominantemente rural, o Moulin Rouge
adquiriu fama sem precedentes com as altas classes sociais
parisienses, tornando-se um ponto de encontro onde fervia as noites
com a presença da vida intelectual e artística da época, como os
pintores Toulouse-Lautrec e Renoir.
Os primeiro anos do Moulin Rouge foram
de festas espetáculos com alto oferecimento de bebidas e shows de
dançarinas que encantavam os frequentadores devido, também a
cada vez mais recorrente, nudez das mulheres que se apresentavam.
Durantes esses anos, surgiu o estilo de dança que atualmente
chamamos de CanCan (aquele em que um dos passos mais tradicionais do
estilo é onde a pessoa que se apresenta move os braços de um lado
ao outro no rítmo da música, no caso das mulheres segurando a
bainha da saia do vestido, e executando um chute ao alto), o que
ajudou para que o estabelecimento atraísse ainda mais o
público com a sua atmosfera de festa, libertinagem e prostituição.
Após um
incêndio em 1915, o Moulin Rouge apenas viria a ser restaurado e
reaberto uma década após, pois quem adquiriu o lugar e retomou
as atividades foi a atriz e dançarina Mistinguett
(Jeanne
Bourgeois, 1875-1956), que o transformou de cabaret à um teatro de
enorme sucesso, dispondo de 1.500 lugares e que recebeu shows de
artistas importantíssimos como Edith Piaf e Yves Montand. Mas durante a
Segunda Guerra Mundial, após a saída de Mistinguett da
administração, o Moulin Rouge retorna a ser uma casa dançante,
conta-se que para os parisienses esta foi a época em que o Moulin
Rouge perdeu seu esplendor, mas para o resto do mundo era diferente,
por exemplo, o “Guia Ariano” da ocupação nazista, incluía o
Moulin Rouge como uma atração imperdível. Eram distribuídos
folhetos pela organização alemã Jeder
einmal in Paris
(numa tradução livre: “de vez em Paris) e que recomendava o
cabaret às tropas, como “visita recreativa”. Tal foi a
intensidade da prostituição no lugar que foi criada, em 1946, a Lei
de Marthe Richard que fechou os prostíbulos e reduziu os
espectáculos de cabaret a meros bailes. Em 1951, Georges France
comprou o Moulin Rouge e renovou-o, disposto a devolver-lhe o antigo
esplendor, iniciativa com imenso sucesso, uma vez que regressaram os
bailes, peças e, claro, o CanCan, perdurando até os dias atuais.
O Lido, por sua vez, é considerado o
cabaré mais luxuoso de Paris, até por causa da sua localização
na Avenida Champs-Élysées, mas também pela qualidade dos
ambientes, das bebidas, das refeições e dos espetáculos. Fundado
em 1946 pelos irmãos descendentes de italianos, Joseph Clerico e
Louis Clerico, o estabelecimento foi ganhando notoriedade pelos seus
teatros de revista, mas quando a renomada dançarina, Margaret
Kelly Leibovici ou Miss Bluebell, como era seu nome artístico, foi
convidada a juntar-se com o coreógrafo norte-americano Donn Arden
para produzir os espectáculos em 1947, foi que o cabaré Lido
verdadeiramente ganhou fama, tanto que Margaret formou um grupo de
dança especialmente para a casa de show, as Bluebell Girls, que
viriam a ser um estrondoso sucesso.
Oos exemplares que temos aqui são atuais, acredito que das décadas de 80 e 90, são registros diretos desses lugares e demonstram tudo o que esses cabarés representaram em suas histórias, com fotos, reportagens e entrevistas dos espetáculos, das moças, das vestimentas, das temáticas, das danças, dos ambientes, dos convidados e nos mostra o porquê essas casas de shows serem os ícones que são hoje para todo o globo.