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16/12/2015 15:29 por Klaus
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Silviano Santiago vence Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa
O escritor brasileiro Silviano Santiago venceu o Oceanos - Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa, substituto do prémio Portugal Telecom de Literatura, com o romance Mil Rosas Roubadas.
Silviano Santiago, 79 anos, crítico e professor de literatura brasileira, tem mais de 30 livros, incluindo obras de poesia, ensaios, contos e romances. O vencedor do prémio Oceanos, no valor de 100 mil reais (28.600 mil euros), também é crítico de literatura e cultura em jornais, realiza conferências e faz trabalhos de curadoria. Formado em Letras Neolatinas pela Universidade Federal de Minas Gerais, fez um doutoramento em Letras na Université Paris-Sorbonne, em 1968, e foi professor visitante e investigador em universidades dos Estados Unidos, Canadá e Brasil.
O livro Mil Rosas Roubadas parte do encontro entre dois adolescentes em Belo Horizonte, em 1952, à espera de um bonde. Sessenta anos depois, um deles, o produtor cultural Zeca, agoniza num hospital, enquanto o outro, um professor aposentado de História, descreve a trajetória do "amigo inseparável" para se lembrar da sua própria vida.
O livro foi publicado pela Companhia das Letras e mistura ficção com biografia baseando-se num personagem real, o produtor musical Ezequiel Neves (1935-2010), que ficou conhecido por ter descoberto o cantor Cazuza (1958-1990) da banda Barão Vermelho, e que era amigo do escritor. O júri considerou que se trata de um romance de "profunda dramaticidade, elaboração autobiográfica e biográfica, no limite entre ensaio e ficção" e que "revela uma resolução narrativa inovadora na obra do autor."
O Oceanos que foi entregue pela primeira vez, em São Paulo, numa cerimônia apresentada pelo escritor Lourenço Mutarelli e pela professora Lucimar Mutarelli, é organizado pelo Instituto Itaú Cultural.
A segunda classificada do prémio Oceanos, Elvira Vigna,com o livro Por Escrito (Companhia das Letras), é jornalista e escritora. O júri considerou que a autora apresenta "um grande trabalho de ousadia estilística, além de enfrentar temas difíceis com uma agressividade inédita no genero". Nascida em 1947, tem dez romances e cerca de 20 contos e textos curtos publicados – entre os quais o romance Nada a Dizer.
Alberto Mussa, 51 anos, que ficou em terceiro lugar com o livro A Primeira História do Mundo (Record) é romancista, contista e tradutor. Realiza estudos sobre diversas culturas e transporta para os seus livros mitologias africanas, árabes e indígenas.Este seu livro conta a história do Rio de Janeiro através de um crime : "a obra reconta o primeiro assassinato da cidade do RJ ocorrido em 1567. Para isso, o autor combina romance, ensaio e antropologia, convocando a mitologia a iluminar os pontos obscuros da história."
O poeta Glauco Mattoso, 61 anos, que ficou em quarto lugar com o livro Saccola de Feira (editora NVersos), é também contista, cronista, ensaísta e tradutor. O seu nome de nascimento é Pedro José Ferreira da Silva e o pseudônimo artístico alude ao glaucoma, doença degenerativa que lhe tirou a visão. Este é um livro "no qual o passado e o presente da língua se encontram, com a forma fixa dos sonetos sendo renovada pela veia erótica", afirma o júri.
Com mais de 600 obras inscritas, apenas oito eram de autores não brasileiros. Entre as 14 finalistas, havia apenas uma, A Desumanização, do português Valter Hugo Mãe (Cosac Naify). Por isso o Prémio Oceanos quer alargar o seu universo a livros publicados em língua portuguesa, em diferentes países lusófonos, além do Brasil, e admite essa possibilidade já para a edição de 2016. "O desejo, e o que estamos a trabalhar, é dar cada vez mais acesso a autores e editoras do mundo lusófono, fora do Brasil. A grande intenção é que seja [incluído no concurso] qualquer livro de língua portuguesa", o que vai aumentar a complexidade do processo "e estamos a trabalhar nisso", disse o responsável pelo Núcleo de Artes Visuais e Literatura do Itaú Cultural, Claudiney Ferreira.