A profissão de livreiro é a mais interessante das que já exerci, e foram várias...porteiro, DJ, piloto, engenheiro, economista, tradutor, executivo, skipper e outras variadas. Segundo uma antiga namorada, minha vida não passa de uma coleção de esboços de vidas possíveis, todas fracassadas. Não é bem assim, mas também não vem ao caso...
Pois bem, a melhor parte da profissão de vender livros, especialmente os usados, é a variedade. Variedade de livros, idéias e pessoas. Aqui na Traça não censuramos nem restringimos nada. Acredito que as idéias, por mais malucas, irresponsáveis e nojentas, devem ficar disponíveis para quem se interessar por elas. Se for o caso, que sejam debatidas, ridicularizadas e refutadas. Idéias doentias não faltam, mas também não se sustentam a longo prazo. Se forem escondidas, podem virar culto e crescer. Melhor expô-las à luz do sol.
No tempo do regime militar, em que havia livros proibidos, circulávamos suas fotocópias (alguém ainda lembra da Nashua?) freneticamente. Autores medíocres e livros bisonhos eram adorados por hordas que nunca os leram. Quando finalmente publicados, sumiram. Teve até autor cult que virou editor de moda...
Sempre tomei a livre expressão de idéias como base da cultura ocidental contemporânea e condição necessária para desfrutarmos a liberdade possível.
Até aí, tudo bem. Porém...recentemente as coisas começaram a mudar. Uma geração intolerante e autoritária pretende condicionar o mundo a suas idéias antigas e tacanhas. A censura voltou. Mais impressionante ainda é o comportamento da imprensa e dos gerentes das redes sociais, que agem exatamente como os gatekeepers tão temidos pelos antigos teóricos da Comunicação. Não vou discursar mais, vá direto ao link abaixo, um texto do Scott Adams - o criador do Dilbert - sobre a atuação do Twitter:
A MENTE-COLMEIA DA MIDIA SOCIAL